O trabalho cita a correlação existente entre diversos livros-texto de harmonia, contraponto e percepção musical influenciados pela teoria schenkeriana nas últimas décadas e comenta brevemente algumas estratégias utilizadas em aulas de solfejo na decodificação de alturas. Em seguida, discute questões de direção e movimento envolvidos na leitura à primeira vista de música tonal. Acredita que essas questões devam ser endereçadas desde o primeiro contato com uma nova partitura e constrói argumentos baseados no estudo de camadas estruturais envolvidas na composição tonal. Utiliza para isso ferramentas da teoria schenkeriana e seus conceitos de linha e baixo fundamental, ilustrando ambiguidades de interpretação que podem existir até mesmo em solfejos simples, como no início da canção Der Entfernten, D. 350 de Franz Schubert, cujo primeiro período é apresentado no livro de solfejo de Ottman (1995). Apresenta, também, como ilustração de análise de melodia polifônica, o Minueto II da Suíte n. 2 em Ré menor, BWV 1008, para violoncelo de J. S. Bach. Conclui afirmando que as sutilezas de interpretação não devem ser desconsideradas nas mais variadas disciplinas, das aulas de percepção e teoria às de performance e que tampouco a teoria deve ser reservada apenas às aulas teóricas para que, de fato, as experiências musicais se tornem interdisciplinares.
Direction and movement in tonal sight-singing
Abstract: The article mentions the existing correlation among different textbooks of harmo- ny, counterpoint and ear-training that have been influenced by schenkerian theo- ry in the last decades. After briefly commenting upon strategies used to decode pitches in sight singing lessons, the work discusses questions about musical direction and movement involved in tonal sight singing. The author believes that those questions should be addressed on the very first contact with a new music part, and builds arguments based on structural layers involved in tonal composi- tions. It uses tools of schenkerian theory and its concepts of fundamental line and bass in order to illustrate ambiguities that can exist even in very simple solfeges, as it appears in the beginning of the song Der Entfernten, D. 350 of Franz Schubert, whose first period is presented on the sight singing book by Ottman (1995). It also presents as illustration of analysis of compound melody, the Minuet II from the Suite n. 2 for cello by J.S. Bach, BWV 1008. It concludes affirming that subtleties of interpretation should be considered in a variety of disciplines, from ear- training and theory to performance lessons. By the same token, theory studies should not be reserved to theory classes only, so that, in fact, musical experiences could become interdisciplinary.
https://doi.org/10.34018/2318-891X.1(1)111-123