No chamado período clássico, desenvolveu-se, na música para um piano emergente, um estilo homofônico que mantinha as funções texturais de melodia e acompanhamento vinculadas, geralmente, às mãos direita e esquerda, respectivamente. No presente estudo identifico a emergência dos principais meios pelos quais compositores e performers daquele período distinguiram expressivamente os referidos componentes texturais no âmbito do repertório para teclado solo. A partir disso discuto como a tradição clássica da música para piano legou ao romantismo os procedimentos de rubato (conceito originado no padrão textural de duas “camadas”) e de tratamento do baixo de Alberti (dispositivo performativo que introduziu o padrão textural de três camadas), principais recursos expressivos da música escrita europeia para o instrumento. Os resultados parciais da pesquisa evidenciam as mudanças no repertório para piano, que possibilitavam a sobreposição definitiva de componentes harmônico-polifônicos— de eventos rítmico-tonais—, consolidada no mesmo período em que os recursos expressivos de um teclado altamente sensível ao toque passavam a exigir do performer o aproveitamento de uma carga cognitiva cada vez mais severa e compatível com a complexidade dos novos padrões composicionais e expressivos.
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