Pretendo demonstrar a contribuição de certos dispositivos cognitivos na regulação de processos que determinam as escolhas perceptivas e os modos de construção do sentido musical no processo composicional de uma ópera cômica. Para tal, a partir do libreto A Sonâmbula, de Machado de Assis, desenvolvo a composição e uma análise reflexiva da composição de uma ópera em dois ciclos: (i) no primeiro, segundo os princípios de uma semântica formalista, gero a primeira versão da ópera; e (ii) no segundo, a partir da aplicação de dispositivos de uma semântica incorporada, produzo a versão final da ópera. Cotejando os resultados artísticos dos dois ciclos, discuto o processo de produção do sentido musical que regula os atos compositivos, ressaltando o papel de dispositivos cognitivos descritos pelas teorias enacionistas das ciências cognitivas contemporâneas, ainda pouco abordados pela literatura em composição musical, particularmente no gênero operístico.
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