Nilo Rafael Baptista de Mello, vinculado do PPGM da UFRJ, atuando também como compositor, pianista e professor. Doutorando, Mestre (2017) e bacharel em Composição Musical (2006) pela EM-UFRJ. Pesquisador vinculado ao Gupo de Pesquisa “Cognição Musical e Processos Criativos” (CMPC), da área de Processos Criativos, do PPGM-UFRJ, onde realiza pesquisas em semântica cognitiva da música, com viés no entendimento musical sob a ótica das ciências cognitivas incorporadas.
O artigo discute resultados de estudo empírico que investigou, à luz das teorias da cognição incorporada, como os ouvintes constroem sentidos sintáticos no ato da escuta musical. Desenvolveu-se protocolo experimental que combina análise fenomenológica interpretativa e protocolo think-aloud — desenvolvido em ferramenta original denominada análise simultânea de escuta — para tratar as enunciações orais e as ações gestuais de ouvintes, a fim de identificar pistas dos processos mentais subjacentes ao entendimento musical. Os resultados preliminares indicaram que as enunciações derivadas do campo imagético musical desempenham papel central na construção sintática do fluxo musical. Ao contrário das preocupações iniciais, a predominância de esquemas mentais de imagens sintáticas da experiência da música não pareceu representar obstáculo, mas, ao invés, um acesso mais explícito a pistas das estratégias cognitivas dos ouvintes para inferir sentido. O protocolo mostrou-se eficaz em oferecer dados consistentes, demonstrando expressiva uniformidade nos resultados. No entanto, foram identificadas limitações, como a significativa dependência das ações do pesquisador na condução das entrevistas e análise simultânea de escuta, o que resulta em peso inevitavelmente decisivo. Além disso, observou-se que a interação de organização sintática e construção semântica crítica é bidirecional: além de figurar como produto consequente, a produção semântica também pode retroagir e reconfigurar a percepção sintática. A dinâmica dessa influência mútua, embora esperada, requer investigações futuras para melhor compreensão e refinamento do protocolo.
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