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ARTIGOS

Vol. 5 No. 1 (2017)

Música, tempo e narratividade: Origem e destino da musicalidade humana

Submitted
December 2, 2020
Published
— Updated on 2018-10-20

Abstract

A narratividade, estrutura da experiência humana do tempo, é também aquilo que organiza nossa experiência musical? Em outras palavras, a música conta estórias? Por muito tempo, e por vezes até hoje, a maioria dos musicólogos e semiólogos respondeu negativamente. Agora, na literatura, pode-se identificar uma estrutura da experiência do tempo, anterior à própria narrativa, que se pode dizer protonarrativa e que se organiza em sucessivas alternâncias de tensões e relaxamentos, repetições e variações, tempo cheio e denso e tempo vazio ou morto, expectativas, surpresas e satisfações, a coerência e desdobramento da história. Provavelmente primeiro Schoenberg, mas também outros compositores se libertaram dessa protonarrativa linear para construir obras com estruturas explodidas e algébricas, nas quais o tempo não passa, não tem direção ou sentido. É este paradoxo que deve ser entendido, quando novas formas se reconectam com o devir do tempo, dando a sensação de forte direcionalidade que implica um protótipo, uma narrativa com uma linha de tensão dramática orientada, e que nos conta novas estórias de intencionalidade sem palavras ou conceitos para dizer.

Music, time and narrativity: Origin and destiny of human musicality

Abstract: Is narrativity, the structure of the human experience of time, also what sets our musical experience aside? In other words, does music tell stories? For a long time, and sometimes even today, most musicologists and semiologists have answered negatively. Now, in the literature, we can identify a structure of the experience of time, prior to the narrative itself, which we can say proto-narrative, which is organized in successive alternations of tensions and relaxations, repetitions and variations, full and dense time and empty or dead time, expectations, surprises and satisfaction, the coherence and unfolding of history. Probably Schoenberg first, but other composers have freed themselves from this linear proto-narrative to construct works with exploded and algebraic structures, in which time does not pass, has no direction or meaning. It is this paradox that must be understood, when new forms reconnect with the becoming of time, giving the sensation of strong directionality that implies a prototype, a narrative with a dramatic line of tension oriented, and we are told new stories of intentionality without words or concepts to say.

https://doi.org/10.34018/2318-891X.5(1)37-55

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