O caráter abstrato da música enseja questionamentos acerca do modo de apreensão do fluxo musical pelos ouvintes. Não é senão através da pesquisa que busca entender os mecanismos e ferramentas utilizados pela mente humana para apreender o fluxo musical, conferindo-lhe sentido, que se pode compreender a forma por meio da qual abstraímos e entendemos música. O presente artigo visa discutir as condições de validade de um protocolo experimental que objetiva investigar os dispositivos cognitivos de entendimento do fluxo musical, a partir da observação da escuta e análise de pequenos trechos musicais por ouvintes músicos. Partindo-se da teoria enacionista de que na base do processo cognitivo de categorização encontram-se memórias esquemáticas (esquemas de imagem), entendidos como arquétipos do entendimento humano, o protocolo aqui examinado visa acessar a experiência imediata de produção de sentidos musicais, tentando, tanto quanto possível, aproximar-se do estágio pré-consciente de entendimento. Neste sentido, a hipótese aqui investigada é de que as descrições linguísticas dos participantes acerca do fluxo musical experimentado podem revelar pistas de ênfases no emprego de certos esquemas de imagem na construção do sentido do fluxo musical. Analisados os resultados obtidos em experimento piloto, surgiram questões: até que ponto o lapso de tempo entre o contato com a pergunta do questionário e sua resposta é determinante para a sua consistência? Em que medida a ordem de apresentação das tarefas de escuta é determinante para a neutralidade das respostas dos participantes?
<< < 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 > >>
También puede {advancedSearchLink} para este artículo.